Desabafo

É, ingênua eu. Ingênua por pensar que você diria "ok, desculpa por te fazer sentir assim, vou tentar melhorar, eu te amo". Doce, eu sei. Doce demais pra ser real.
Pra quem sempre viu o amor como um filme infantil cheio de príncipes e princesas, onde você era a mais bela, com o vestido mais lindo e os cabelos mais charmosos, isso é como um choque. Me sinto infantil, como aquela criança que escreve cartas ao Papai Noel e um dia percebe que ele não passava de seu pai com uma roupa fajuta. Mas... quem não gostava de ganhar presentes todo final de ano de um velhinho que descia a chaminé com tanta magia? É, crianças, isso é idêntico ao amor. Sonhado, desejado, buscado; mas disso não passa: de um sonho, de um desejo, de uma busca eterna.
O amor não existe. Almas gêmeas foram inventadas pelas companhias de comércio para poder enriquecer com o dia-comercial dos namorados. O amor não liberta, o amor te prende, te faz dependente. Seria ótimo se te fizesse bem, mas no final nunca faz. Ele te deixa sem chão. Ele faz seu coração bater mais rápido mas em compensação pode fazer ele parar de bater.
Hoje posso dizer que finalmente aprendi a lição. Dei todas as cartas na mesa para alguém, e essa pessoa preferiu outras pessoas; e pessoas mesquinhas, que quando o vento passar vão te deixar sozinha. Deve ser o preço por querer fazer o bem, é o que sempre me diziam. "Boas ações sofrem punições" é a verdade mais sábia já dita. Só não entendo como alguém pode preferir destruir toda esperança de retomar a história, os planos, os beijos, o cuidado de alguém... por amigos. Alguém me explica? Se fosse um relacionamento de 2 meses, superficial, até entenderia, mas não é o caso. Rá, agora aquela voz lá dentro me diz que não tem o que explicar, porque existem coisas que não foram feitas para ser entendidas. É assim que descobrimos a índole das pessoas, mesmo que eu preferia nunca ter descoberto.
Ou talvez a errada seja eu, querendo amar tanto, proteger tanto, que sufoco. É, é essa a palavra que usastes, "sufoco". Pois vou fazer o que qualquer pessoa com honra faria e me retirar. Me retirar e deixar o tempo te mostrar o que é certo e o que é errado, deixar ele te fazer sentir falta da proteção, deixar ele te lembrar para "cuidar bem do seu amor, seja quem for".
Mesmo tendo desistido do amor, continuo me sentindo idiota. Deve ser porque sei que sempre te verei como a minha princesa encantada e sempre esperarei presentes no final do ano. A mágica pode existir dentro da minha mente se aqui fora ela não existe.